Monstros
Ainda não é suficiente
Provavelmente, nunca será o suficiente
Quão idiota um ser humano precisa ser
Para acreditar que conseguirá escoar todas as suas frustrações em versos apressados?
A ansiedade não vai desaparecer só porque larguei a caneta ao final de uma página
Meu coração não voltará a bater só porque escrevi algumas mentiras esperançosas
As pessoas me olham e veem uma garota em boa forma
Deve ser porque o mundo aprendeu bem a idolatrar o vazio
Eu olho no espelho e vejo uma garota que está sumindo
Voltando ao castelo em ruínas do qual idiotamente achou que não precisava mais
Gosto dos monstros que vivem lá dentro
Conheço sua canção preferida e o lugar na barriga em que gostam de receber carinho
Os monstros lá de fora eu não sei domar
Ainda que venham a ser menores
Não é suficiente
Rabiscar as mentiras que minha mente alimenta
Talvez me permita dormir uma hora a mais
Mas eu ainda terei que domar os monstros pela manhã
(E dentro do castelo não há ninguém para me ajudar)
Gosto dos monstros de dentro
Já sei o que comem
E tenho muitas frustrações para lhes dar
Os monstros de fora têm gosto refinado
Comem coisas que não sei onde encontrar
Minhas palavras não serão suficientes
Vão querer minha carne, meu sangue
A alma que tentei tanto preservar
Lá fora é frio e os monstros têm fome
Aqui dentro o jantar está servido
E os monstros têm muito com que se fartar
Mas nunca será o suficiente.