AI DE QUEM SE AJEITA
“Ode às humanas queixas”
Todo este mundo está repleto de lamentos
E é no quotidiano que tudo se comprova;
A cada dia, mês e ano há só tormentos
E a haver mudança será de caixão à cova.
O perigo eminente paira por todo o lado
Desde criança a adulto só contrariedades;
Quem detém o poder parece anestesiado
E usa e abusa das riquezas e veleidades.
O dinheiro suporta o poder inteiramente
E a sua distribuição não passa de utopia;
Quem mais o tem mais o quer e, cegamente,
Quem mais dele s´ aproveita é uma minoria.
Toda a gente se condói, se queixa e se lamenta
De que nunca lhe chega pra tapar as fendas;
A corrupção em toda a parte é uma tormenta
E a justiça que temos nem para as encomendas.
Pois se é assim, neste ambiente que s´ enfeita
À volta desta circunstância, qual quimera,
Só nos resta desabafar “ai de quem se ajeita”
Não procurando meios pra matar a fera…
Claro que se badalam boas intenções,
Formulam-se projectos, feitos ab aeterno,
Para este Planeta cercado de aberrações,
Porém, a vil moral faz transbordar o inferno.
Há queixas e mais queixas, gritos e mais gritos,
Mas a “razão” do homem ignora esta sinfonia
E não há lei nem prece que abrace os aflitos
Já que este género humano enferma de alergia.
Progresso e mais Progresso, nada de Pessoas,
Só lucros e mais lucros… e a Natureza f´ rida:
É esta a idolatria, prenhe de ideias boas
Mas um Futuro errante num beco sem saída!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA