SOMENTE UMA CANETA ?

Como ousas, traçante criatura,

em insólita aventura,

Dar-me tamanha desilusão,

Quando, para lá dos grilhões da tua servidão,

Desafiando a mão que te segura,

Trazer à luz palavras tão sentidas.

E da destra que te conduz, roubar a inspiração.

Perplexidade minha, ou mera imaginação ...

Vencido, colho da tua rebeldia a emoção mais pura,

Que, ferindo-me os sentidos,

Coloca-me, nesta escrivaninha, à beira da doce loucura.

E ao reconhecimento da tua desmedida bravura,

Homem somente que sou,

Dobro-me, incapaz de reprimi-la,

Relaxando a mão que te firma,

Observo, atônito, teu bailar feito letra,

tecendo outra, e mais outra trilha,

Utopia viva de um falso escriba e sua inspirada caneta.

luis roberto moreno
Enviado por luis roberto moreno em 26/07/2007
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