O POETA QUE SE FRITE, QUE SE FODA, MAS NÃO TIRE A CABEÇA
(1)
Os olhos fechados do poeta não curam nada
não saram feridas
tudo se acumula
estocado nos cantos
nos porões da alma
nas letras nas gavetas na pias sujas e pratos por lavar
lavrar e semear todo dia
na mesma ferida
é sua necessidade básica tanto quanto ouvir música
ou buscar luz em velhas poesias
em tratados alquímicos
nos preceitos dos profetas
e nas letras perfeitas .
você sabe como é
como disse Dylan
satã surge as vezes como um homem de paz
mas se revela e vai uivar na noite
e a cobra rainha sai então por aí...
não!
não há saída fácil
quando se perde as rédeas condutoras do carro nosso de-cada-dia
e aí tem que ser reza forte
ou a babel cresce por dentro e te leva pro alto/ pro salto.