NÃO ERA RAZÃO
Eles pareciam ter tantos olhos e suas bocas diversas queriam devorar,
Estavam à beira do caminho buscando quem pudesse tragar,
Os passos eram dados em fios embaraçados, alguns ficaram presos para trás,
Uns passavam por cima do outro e não pausavam para ajudar,
A música de acordes menores, eu escutava enquanto via a cena,
Eles afundavam naquela lama, estava presos, perdiam o ar...
E à beira do caminho os olhos famintos se prendiam aos meus detalhes,
As bocas babavam querendo provar a carne que me cobria,
As linhas se moviam, prendiam e desprendiam, mas ninguém sabia quem padeceria,
Alguns desaparecendo, outros amarrados, uns próximos do fim...
Era caótico, escuro, cheio de arranhões, mas seguia sobre as linhas,
Era tudo o que poderia ser, só não era razão,
Era o que o poeta tentou desenhar sobre as escolhas do coração.