Atormentado
Eu não a encontrei
Quando mais precisava
E desde então
Meus dentes amarelos
Apenas rangem
Enquanto o orvalho
Repousa sobre a grama
Que há muito não corto
Eu estava ensopado
Agora já não sei
Todos os meus sentidos
Já não sentem tanto assim
E esse vazio nunca se vai
Consumindo os meus dias
Como uma necessidade qualquer
Poderia ser fome
Poderia ser medo
De algo que desconheço
Mas eu sei que não é
Mente atormentada
Houve uma noite
Em que estava em sua porta
Sombras devorando o passado
Havia o mundo
Havia um mundo inteiro
Que eu queria desbravar
Em sua caravela indomável
Mas eu não a encontrei
Quando eu mais precisava
Você estava na chuva
Você estava no sol
Eu não podia te ver
Esses ossos tão frágeis
Quebram em qualquer impacto
Que o mundo me dá
Estou tremendo aqui fora
Sem chances de entrar
Devolva a minha alma
Com todos os meus pecados
Retire esse peso tremendo
Que me racha as costelas
Minha mente atormentada
À noite não me deixa dormir
É uma fuga sem chances
De um inferno implacável
Que fiz questão de criar.