Façamos um brinde

Façamos sempre um brinde

festejando a sua alegria

que se perdeu não sei aonde

além daquilo que a vida esconde

tem muita coisa que se perde

todo dia

Mas, procurando as vitórias

que o vento carrega

você sempre há de encontrar

por sob as pedras

as marcas de caminhos esquecidos

que por algum motivo

deixaste de trilhar

talvez por ter visto

a porta fechada

e não ter tido coragem

de perguntar se havia alguém

Desavisado,

fizeste de tu mesmo

Um incauto arauto do asfalto

a quem ninguém ouvia

por mais alto que gritasse

façamos, então um brinde

aos tantos ouvidos moucos

que não podem acusar-te hoje

pelos loucos dias que correm

pelas flores que murcham sem abrir

e pelas lágrimas que fluem

devido aos falhos ouvidos

à falência multipla dos sentidos

pássaros que voam

sem haver à vista um galho

outrora, ases do Céu

Sempre Curingas do baralho

e hoje tem a vista

turva e embaralhada

e também mais nada sentem

contudo, ainda insistem

mesmo faltando-lhes a base

e haverão

de quase nada entender

Edson Ricardo Paiva