Duelo Pessoal
Duelo Pessoal
(entre o poeta triste e o poeta demente)
"Meu amor, meu doce amor,
Meu gemido de lamento,
Poema da minha dor,
Minha paixão, meu tormento..."
Cala-te, maldito poeta,
não lamentes perdições!
Amor não é mais que treta,
dos amantes de paixões.
Às armas, oh insolente,
espadachim de papiros
e penas... Escriba demente,
de palavras e suspiros!
"Meu amor, meu amor terno ,
de meu coração, fugido
em trevas rubras d' inferno,
meu doce amor perdido..."
Mato-te, bastardo vil,
que me danas de tristeza!
Poupa-me teu choro servil
de lama, cinza e pobreza.
Vivo p' ra além da morte
anunciada, prematura.
Vida é mera aventura
de guerra, donzelas e sorte.
"Beijo, meu amor desejado,
minha lágrima vertida,
em teu licor adamado,
bebo-te, em despedida!"
Vai-te! Vai, morre, parte
de mim, louco mendicante.
Não me condenes, por arte,
aos grilhões duma amante!
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