Duelo Pessoal

Duelo Pessoal

(entre o poeta triste e o poeta demente)

"Meu amor, meu doce amor,

Meu gemido de lamento,

Poema da minha dor,

Minha paixão, meu tormento..."

Cala-te, maldito poeta,

não lamentes perdições!

Amor não é mais que treta,

dos amantes de paixões.

Às armas, oh insolente,

espadachim de papiros

e penas... Escriba demente,

de palavras e suspiros!

"Meu amor, meu amor terno ,

de meu coração, fugido

em trevas rubras d' inferno,

meu doce amor perdido..."

Mato-te, bastardo vil,

que me danas de tristeza!

Poupa-me teu choro servil

de lama, cinza e pobreza.

Vivo p' ra além da morte

anunciada, prematura.

Vida é mera aventura

de guerra, donzelas e sorte.

"Beijo, meu amor desejado,

minha lágrima vertida,

em teu licor adamado,

bebo-te, em despedida!"

Vai-te! Vai, morre, parte

de mim, louco mendicante.

Não me condenes, por arte,

aos grilhões duma amante!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 08/06/2016
Reeditado em 08/06/2016
Código do texto: T5660942
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