lobos e loucos
no branco dos olhos
o espanto
e nos seus cílios
a vaidade e o rímel
borram a face
maquiada e delicada
na boca entreaberta e aguda
uma dor surda pungente
senti os mil braços da
deusa vishu
todos os gestos
convergiam para mim
todos os ventos
sopravam para algum cais
minhas pernas bêbadas
trocavam de caminho
e tropeçavam nas próprias
dúvidas
um soluço
um abismo
e o silêncio inteiro da
madrugada
somos todos loucos
procurando a rendenção
procurando nos abrigar em
algum sentimento
que nos justifique ser
o que somos,
ter o que temos,
desejar o que desejamos
e, amamentar a frustração
de não gritar até
encontrar socorro.
lobo do lobo
louco do louco
rendenção por entrega
talvez que esperamos
e saber mais do que
sentimos.