SOZINHO
Ensolarado dia do depois
Dia 10 de maio de 2015
Fora quando me acharam.
Assim, como dizem as antigas poesias:
Estou ao pé de minha existência,
E digo que ela não passou de nada,
E nada foi nada
Como o passar da manhã deste dia
Ou o calejado passo dos olhares.
Dizem as boas pessoas que isso nada é
Que todas as coisas são assim
Mas sempre as dizia o oposto.
Sou esta contradição
Por contraindicação
Dos mil remédios que tomava.
Estava apenas com a garrafa d’água
No penúltimo dia de minha poesia
Escrevera para os pássaros
Aqueles que só existiam em minha mente
Para aqueles que queriam descobrir
Se pássaros foram os mesmos pássaros
Ou nossos efeitos colaterais.
A partir desta imagem, peço a minha culpa
E as desculpas aos leitores
Ela era apenas minha
E eu apenas dela,
Querida, culpa.
A melancolia do texto é inerente ao dia
Não poderia deixar de posta-la como gratidão
Aos anos de solidão vivida pela palavra,
Agora ela é mais solitária e triste,
Pois vá com sua senhoria.
Um fardo que deixei de carregar a partir disso.
Diziam os antigos;
Que a adaga enfincada nas costas do guerreiro desistente,
Deve ser passada para os mais jovens escritores,
Como alguma espécie de ritual macabro,
Ou qualquer profecia fajuta.
Digo-lhes que o carreguem,
Da mesma forma que me colocaram nas cinzas.
O papel da desilusão é esta;
Transformar homens ocos
Em homens ocos sem alma.
A literatura de nossa vida nos mostra isso
E assim foi melhor.
A pior coisa de nosso grupo que chamamos de social
Pode ser a melhor para um homem de coração partido,
O que querem é apenas a existência do nada.
E antes que me esqueça,
É verossímil falar sobre o título
- Que talvez seja o título de nossa vida,
Ou da tua;
A singularidade do convívio para consigo mesmo -
Peço que devolvam as placas de boas pessoas
E se tornem más, como ao pior dos dias.
Desta forma,
Há de se complementar a sequencia com uma narrativa:
Um homem atravessou a ponte de São Tiburcio
Um personagem descaracterizado, sem rosto,
Sobre um cenário improvável.
Caminhou por centenas de anos sobre um rio
A ponte cruzava um rio ou a mar?
Suas pernas se perguntavam isso.
Estava completamente exausto.
Alguns indícios de loucura lhe faziam companhia
Já que este homem caminhava sozinho.
Houve algum momento de sua peregrinação
Que este começara a conversar consigo mesmo.
Conversava sobre o que estaria lhe esperando,
O que será poderia estar no fim da ponte?
O desespero lhe tomou de conta quando os joelhos se romperam.
Parecia que seu fim era ficar pelo meio da ponte
Mas ele fora persistente e começou a se arrastar.
Assim continuou...
Carregou seu próprio corpo por quilômetros,
E então, certo dia, chegou.
Achou uma multidão ao chegar do outro lado,
Ele deveras ficou alegre,
Pela primeira vez em toda sua vida de caminhante,
Achara alguém. Várias pessoas!
Mas eles não deram tal aconchego.
- Um louco, sujo,
Sem pernas, sem coração,
Um louco infeliz!
O homem postou a chorar descontinuamente.
As pessoas não eram pessoas,
E então ele voltou.
Sobre a mistura de sangue, das lágrimas e da cabeça malfeita
O suposto personagem virou as costas.
Desta linha, sigo o poema;
Devolvendo-os com meu dia
E dizendo que o quão só fora a desistência
De caminhar sobre o rio ou mar.
Residir em vida após a ponte foi inaceitável,
Tive que voltar a minha companheira individualidade
Ao único lugar onde me aceitariam.