AVAL DA CARNE

É preciso que a carne queime
de febre e tensão
de tesão e angústia
É preciso que nos falte o ar
e a morte brinque
em nossos olhos

E que a música
a batida
os ossos
chacoalhem a mente
na busca de um instante
de êxtase

E que esse êxtase dure
pelo menos um segundo
para que saibamos:
um outro dia é possível
além da cruz do tempo
em que fomos pregados