ATO DE INFIDELIDADE
Guarde bem esta simples lição:
A fonte suprema de toda a criação humana
Não .. não promana da razão.
Construção de idéias e palavras postas ao efeito, somente.
E que por vezes engana, porque sempre diligente com o corpo e
mente,
Não escuta os reclames do coração.
Frutos não colherá dessa união.
É da observância da natureza e suas causas,
Fonte suprema de toda a beleza,
que motiva no espírito o verdadeiro impulso da criação,
Despertando a emoção e calando a voz da razão.
Daí, então, advém toda força e inspiração.
Reparem só nos loucos,
Que não são poucos.
Moradas que há muito já foram abandonadas pela razão.
Sempre se apresentam irriquietos e suspeitos,
Encerrando em seus trejeitos, toda ordem de emoção.
Quem ousaria negar-lhes a profícua insanidade,
Posta a serviço das belas artes, da música, da literatura, ...
De tal modo a comprometer, sem qualquer remorço ( é bem verdade)
Ou sentimento de desventura,
A lucidade das demais criaturas que sobram na arca da humanidade.
Veja, portanto, quão simples é a lição,
Ao alcance do aprendiz já na tenra idade,
Mas que também se manifesta na maturidade,
bastando para isso, sem abdicar da tua sanidade,
trair a comportada razão,
como num ato de infidelidade,
Tornando-se eterno amante da emoção.