MORTOS PELO ÓDIO.
MORTOS PELO ÓDIO.
E quando os homens, ainda, não sabiam desenhar os sons
A arte da rudez era o argumento da preponderância,...
Preditivo e necromântico a sobrevivência excitava os dons
Nos aríetes, nas clavas e espadas a conquista era a ambiência
O êxtase do domínio tinha sua vermelha cruz de intolerância
E igualava a todos como alimária sob a sua subserviência.
Deuses plantígrados semeavam o sangue em derredor
Sacrificavam humanos, crianças anômalas e chacinavam o póstero
Irmãos das mesmas sementes mal plantadas desse provedor
Impingiam os cravos ao massacre para o seu reino austero
Lenha de carnes e ossos abastecia fogueiras santas
Filhos da barbárie criaram suas verdades sacrossantas!
Homens servidos às feras em arenas de diversão
Escravos gladiavam por uma liberdade de nascença
Anônimos mortos por um ódio inquisidor e de gentil recompensa
O homem se superava em ser pior que os animais
E é exposto, hoje, nas maiores vitrines de impunidades sociais
Ombudsman fazendo uso da guerra em prol da extorsão
E o mundo continuava a se matar nas suas contradições de bondade,...
Em moedas que trincolejavam nos bolsos de reis Judas
E no amor teúdo e manteúdo por suas leis pontiagudas.
Na loja do inferno somos manequins da crueldade
Navegamos em véus de sorrisos cínicos pelos cinco rios de Hades
De onde fomos cuspidos, por excesso de bestialidades.
Nos exemplos das cruzes de fogo pregados pela ku klux klan
O homem reascendeu o rastilho de uma hodierna consciência anã
Dormiu nos divãs das terapias de ignorância e distinguiu cores
Cultivando espinhos no coração da prole, em vez de flores.
Regimes de governo estrafegaram ainda mais a miséria,...
Nos campos de concentração conferiram-lhes status de bactéria
Caveiras ambulantes desfilavam nas passarelas da maldade
Mas o poder, cria seus próprios vermes, fora do caixão.
A natureza da vida é a morte, e não há céu aqui no chão
Não tenho raça! Sou da mesma espécie que povoa a humanidade
O tempo desse universo é sazonal, e deu-me como castigo, a vida
A terra é meu pai original, e a ela voltarei, para ser servido como comida.
CHICO DE ARRUDA.