Por Favor, Mais uma Dose de Sarcasmo
Ouço teu uivo triste me chamando ao longe
E juro que meu único desejo
É ecoar-te com uma risada ensandecida
A maior ironia de todas
É que eu poderia ter ficado
Por toda a eternidade interminável
Segurando tua mão e afastando tuas tristezas
Mas da última vez que me chamou
Distraiu-se quando eu estava no meio do caminho
Tropeçou no acaso e me ignorou sem querer
Como uma comédia em que ninguém da plateia está rindo
Agora, te tornaste triste
E eu me tornei louca
Como a mais trágica das tragédias de Shakespeare
Sim, eu sou a louca
Nem mesmo em meus monólogos respondes o que eu queria ouvir
Como poderia eu voltar se és tu quem se foi?
Não estou mais em lugar nenhum
Não me procures onde eu nunca estive, nem me conheces mais
Sei que me pediste para ter paciência
Mas eu nasci correndo, vivo correndo
E a única coisa que não pretendo fazer correndo é morrer
Talvez eu te beijasse correndo
Antes de seguir correndo com minha existência
Mas você não me disse onde estava
E está sendo tão divertido não me sentir culpada
Tu estás em algum lugar onde não sei se quero chegar
E seu uivo, em minha loucura, nem incomoda mais
Tuas lágrimas voltam a encher o rosto pálido que um dia me encantou
E juro que meu lado sádico
Só quer lambê-las até pararem de cair
Deixarei algumas gotas deslizarem para dentro do meu copo
Misturando-se ao meu drink venenoso
Pois pretendia mesmo tomar outra dose de sarcasmo