o vulgarfaz parte detudo que te constroi
tudo é frio, cinza, duro e dói. feito duas paredes de concreto moldando seus osso como um corset de ferro esculpe uma rainha da França em 1512. tem uma festa em volta e cranberries tocando no fundo, tem um cigarro? copos manchados de batom e paredes manchadas de mijo. é nojento, eu sei, você sabe, seus vizinhos sabem, mas é assim que funciona, foram necessidades emergenciais: tinha gente trepando no banheiro. tudo bem. o vulgar faz parte de tudo que te constrói. o ácido aqui não é corrosivo, vai direto pra cabeça, eles dizem, você tá apático demais, talvez devesse tentar ecstasy. morrer não é prioridade mas a gente tá sempre pensando nisso, tudo gira em torno da morte, você tenta fazer tudo antes que esse monte de nada te consuma sem pedir licença. a gente tá cada vez mais perto. é horrível, eu sei, mas você se acostuma. ele diz que liga e que vai te ligar no dia seguinte. você é a garota mais linda que eu já conheci. é, eu também já ouvi essa antes, passa reto, estamos quase no fim. eles dizem que isso tudo não passa de exagero da sua parte, porque você sempre reclama de tudo? chata! você tá vendo filme demais. tá tudo bem, todo mundo se importa com isso tudo dentro de você, os demônios na sua cabeça, a insônia e os pesadelos. mas não se anima, baby, pra fazer falta é necessário estar morto.
aliás, nem isso.