PARA NÃO ENLOUQUECER NUMA MANHÃ DE AGOSTO

Para não enlouquecer numa manhã de agosto,

Cantar como o sol é necessário.

No idioma sol e em tons vários:

Aurora, meio-dia, alaranjado.

Serenar como a chuva (se ela veio),

Como a terra, sabê-la necessária,

Depurando as secas e poluídas cidades,

Florescendo os campos, poetizando.

Para não enlouquecer numa manhã de agosto,

Enxergar que é uma estrela o coração,

E na pele sentir a queimação

Toda do amor – dores, êxtases, anseios.

E embriagar-se ao despertar, vermelhos, roxos

E ouros, em cintilações vivas, pulsantes

Em redor e no peito e nos sentidos,

Da água, luz e ar desta manhã nas veias.

E pulsar como o infinito e ser humano

No tédio e na canção, na lágrima e no beijo,

E cantar como o infinito e dançar como um louco,

Para não enlouquecer numa manhã de agosto.

Edgley Gonçalves
Enviado por Edgley Gonçalves em 17/02/2016
Código do texto: T5546842
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