CAÓTICA

Todos eram os mesmos, inclusive suas cores,

Mas a caótica visão turvava o que outrora era cristalino,

No campo, eram vermelhas, verdes, amarelas, violetas, as flores,

Mas só se via o caos da mistura entre elas.

Sufocado nos movimentos, carros que iam e vinham,

Pessoas atravessando a rua no ritmo de uma dança caótica,

Ventos enfurecidos que pareciam gritar contra um mundo que havia se perdido,

Raios de sol que não iluminavam a escuridão interior de uma noite eterna.

O que um dia era se transformara em cinzas e fumaça, transtornava,

Escombros de antigos prédios erigidos de sonhos,

Ruínas de seres presos em suas mentes caóticas,

Palco de coisas amontoadas sem se saber por onde começou e por que terminou,

Uma respiração profunda, um mergulho nas águas geladas sob o nevoeiro desta visão,

E novamente contemplou-se tudo como era, as cores em paz, a cidade pulsava normal,

Notadamente era apenas uma alma que por um instante no tempo perdeu a noção, oscilava,

Em sua visão caótica, sem saber qual daqueles mundos era sua ilusão.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 14/02/2016
Reeditado em 14/02/2016
Código do texto: T5543572
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