Um homem... um monstro

Preciso esconder-me...

Esconder-me de mim mesmo.

Já não me reconheço.

Sinto repulsa ao olhar-me no espelho.

Uma pergunta ecoa em minha mente:

Por quê?

Silêncio.

Em meu abrigo,

a tênue luz da lua vem ao meu encontro.

É o preço que devo pagar.

Não posso mais sentir o perfume do seu corpo...

Não posso mais protegê-la em meus braços.

Não devo mais fazê-la sofrer.

É chegada a hora.

Esgueirando-me pelas sombras,

posso contemplá-la pela janela.

Ela sorri.

É feliz novamente.

Em meu peito, apenas dor.

Não se pode mudar o passado.

Uma lágrima.

Arrependimento.

Novamente em meu abrigo,

ouso encarar o espelho.

Do outro lado, um monstro.

Um monstro que aprendeu a amar.

Um monstro que não aprendeu a esquecer.