Apartheid
 
Eu sou um homem comum
Um... qualquer um, por aí
Um a mais
Eu sou mais um
Na multidão que me vi
 
Sob o olhar de quem é nobre
Vivo à tutela dos ventos
Livre, solto e nenhum cobre
Sem herança
Sem proventos
 
Não preciso nem mereço
Sou invisível
Acanhado
Não ouso obter o apreço
De quem tenho admirado
 
Nas vias aonde circulo
Sujas e contaminadas
Me confundem
Eu e o muro
Nos recantos... nas calçadas
 
Se há lágrimas, se misturam...
À chuva
E lavam a alma
Que não requer morna ducha
Para retornar à calma
 
Qualquer tênue interativa
Será nula
Desprezada
Por conceitos que asseguram
Um apartheid das palavras
 
No gueto o medo é menor
Nos becos
Estreitas saídas
No universo do só
Sem vida a ser dividida