O mundo de cada um
 
Frequentemente sinto ter sido brutalizado
Pela objetividade profissional
Pela idade que, convenhamos, urge
Pela ansiedade decorrente disso que me surge
 
Nesses momentos poetizo a pressa
Tão insipidamente quanto agora a essa
Alijando dela a matéria prima da emoção
Usinando à ferro o que me vem da observação
 
No uniforme que eu trajo, como é costumeiro
Consta um slogan qualquer para eu me manter inteiro
Mas o mundo andarilho por quem tenho apreço
Não sei se aceita a pressa expressa no meu peito
 
Passa o mundo dissertando seus conceitos
Explicando implícito o que eu não entendi direito
Sua figura aos mil vazios de plantão
Me parece despertar líquida e certa comoção
 
Natural que o mundo seja mesmo cortejado
Mil facetas à conta-gotas, passa muito bem dosado
E eu que sou um operário já deveras tão cansado
Olho o mundo com um olhar visto assim inanimado