Carta ao silêncio
 
Cordato amigo de sempre,
Sua maior virtude é o meu tormento
Certamente um preço a ser pago pelo seu comportamento
Por estar ali, à mão...
Como se fosse à minha disposição
 
Egoísta, desdenho amiúde de quem tem sua atenção
Num ciúme inútil
Infrutífero, fútil
Na prepotência mórbida que peguei da solidão
 
Vivo imaginando o dia de lhe ouvir falar
Numa linguagem clara
Algo mais que o que despertas como inspiração
Talvez porque não me baste apenas parecer poeta
Quero mais que o clima da hipotética sina ou atribuição
 
Quero ver de perto como és de verdade
Como se constituem tuas capacidades
Interagir de fato
Ter o fino trato do teu ser e estar
E a incógnita do que fazer com isso
Seu primo o tempo é explicito
No executar do ofício
Quando ele chegar