INOCÊNCIA

Ensinada a ignorar

As imoralidades das ruas

Trancada num quarto vago

E mudo

Impedida de pôr os pés

No mundo

Eu cresci

Tapando os ouvidos

Para a imundice da boca

Dos homens

Fechando os olhos para

As cenas obscenas

De uma novela das onze

Princesa trancafiada

Numa torre

Desconhecendo o horizonte

Vivendo com limites

E barreiras

Vestindo véu,

Cobrindo o rosto

E o corpo

Vivendo a loucura de um louco

O que os meus olhos

Não puderem ver

Vão desconhecer

Até que eu envelheça

E perca o interesse

Em conhecer o mundo

E todos serão cães vagabundos

Só eu ainda estarei presa

À minha ingenuidade

Aos danos da idade

Que me impedirâo de correr.

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 20/12/2015
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