A presente Idade Média
Cansei deveras, de esperar quentura dos frios,
fingem mudar travesseiro, cambiando a fronha;
tocar em pontos que deveriam despertar brios,
porque não despertam, nem mesmo vergonha;
pois, a essa antiga senhora, tranquilos arrostam,
nossos valores? Cabeça, vendida numa bandeja;
versões pintadas, porém, os fatos não mostram,
pois, só pode ser fato, que chefe da máfia deseja;
é doído contemplar o estupro das boas palavras,
antônimo vira sinônimo; será que elas beberam?
não sei mais qual pedal que acelera e qual trava,
rasgaram o manual, normas devidas esqueceram;
claudicam pusilânimes, tantos guardiães do povo,
e bocejam fingindo, quando a querela se instaura;
Já sabiam que é de serpente aquele encubado ovo
togas pretas, pensei serem vestes, não; são a aura;
Juraram a defesa do justo, todos os daquela gangue,
entretanto, quem devia zelar, rasgou à Constituição;
e o necessário contragolpe vai demandar por sangue,
só sucumbirão à força; leis, direito, têm tudo na mão;
como ó Brasil, tu importaste, a essas soturnas vestes,
pós ver pela Ásia e Europa sua tão sangrenta mácula?
dentro de qual porão de navio clandestino trouxestes,
aqui, o soturno e assassino caixão, do Conde Drácula?
não discuto mais, abomino mentira, fraude intelectual;
é vírus mortal que destrói neurônios a doença dos tais,
assim, não espero mais a terra firme em pleno lamaçal,
prezar valores, lógica, e parlar com eles, jugos desiguais;
quiçá, após idade das trevas, luz romperá o escuro véu,
sonhar inda posso, censurariam quiçá, até quem sonha;
porvir, depois que acabar a imerecida tolerância do céu,
ter rubro pano, suja estrela, será, enfim, uma vergonha...