Pêndulo
Essa saudade ardente que me consumia
Não arde mais tanto assim
Esse amor que era um doloroso vazio em meu peito
Agora é só um grande nada
Nadando numa cavidade onde devia haver um coração
Seus sentimentos ainda são confusos
Ainda fica procurando razões levianas para me ligar
Talvez eu fizesse isso também
Se ao menos achasse que vale a pena
Ver seu sorriso uma vez mais
Ouvir sua voz gentil uma vez mais
Sentir... algo mais
Que provasse que não era só isso
Porque não quero amar alguém
O suficiente para morrer de saudade
Quero algum louco que queira também
Estar comigo em cada situação e adversidade
Não quero alguém pra chorar ao partir
Só quero alguém pra fazer sorrir
Não me venha com ambiguidades agora
Se era eu que era pra ser o enigma
Já cavoquei toda a tristeza que há no amor
Algum dia vou ter que achar a felicidade digna
E se você tem mesmo que ser um pêndulo
Então vire para o lado certo
Ou pare quieto de uma vez
Não vamos brincar de soletrar saudade...
Não sei dizer o que são essas lágrimas
Que descem de minhas confissões obscuras
Eu não o superei, nunca o superei
Mesmo quando disse que o fiz
Não fique surpreso agora
Se foi por você que aprendi a mentir
Eu não o amo, é claro
O problema é que o amo
Não estou tentando ser clara
Talvez assim entenda como me sinto quando você fala
Um pêndulo oscilando entre indiferença e sensibilidade
Entre o que é certo e o que dá vontade
Eu ainda estou aqui
Porque é o que faço
Insistente mesmo quando beiro o masoquismo
Você ainda está lá
Onde quer que isso signifique
Onde quer que a corda que o prende vá querer levá-lo
Ainda o observo de longe
Porque até minha cavidade oca sabe
Que esse drama todo ainda não é o fim
Você vai, e eu me preparo para chorar
Você vem, e eu me preparo para sorrir
Você vai, e agora estou com raiva
Você vem, e agora quero dar-lhe um abraço
Você é um pêndulo, só vem e vai
Não vai partir, não vai ficar