Dos fragmentos de vidro depositados na areia
Dos fragmentos de vidro depositados na areia
Seus pés sangram ao caminhar
Por aquelas areias outrora clara
Milhões de pensamentos levam a chorar
Torvelino de sentimento, coração dispara
Aqueles fragmentos de vidro enterrados
Depositados na areia pela ação do ódio
Sangram os pés e lembram corações dilacerados
Revivendo na pele terrível episódio
O mar vibrava em ondas maravilhosas
Enquanto a brisa tocava seu rosto
Ele a apreciar tal beleza virtuosa
Tomado pela raiva como ferimento exposto
Enciumado, levado à extrema loucura
Punho cerrado, impelido a atacar
Ataca o pescoço, abre uma fissura
Uma lágrima rubra vem a rolar
As ondas tragara o corpo desfalecido
Crime não solucionado... Afogamento?
Um vulto, olha então estarrecido
Perde o ar por um momento
Caminha então culpado e aturdido
Mais próximo daquela imagem
Toca aquele braço frio estendido
O sangue cobre como roupagem
Daquela mão fria e descarnada
Espírito de vingança outrora virtuosa
Desfere o golpe, garganta lancinada
Vingando-se... Sorri a alma tenebrosa
Eduardo Benetti