Barulho intraorgânico

E a objetividade ilógica pousou caçoando

sobre minha cabeça desprotegida.

Nesta época há muita miséria em meu ventre

Sentir se tornou doloroso demais...

Não há satisfação, perdi o olfato!

Devo ter fingido demais?

Risos aeróbicos confrontando meu maxilar cerrado

Não estou mais à margem de mim mesma

Já não me percebo mais: Há muita confusão

Misturei-me à gente

Fracassei em sufocar-me e eu não fui embora

Meus fragmentos boiam vívidos em meu sangue

Buscando pela junção dos membros

Esquartejei-me sem pena.

Os pedaços não formarão a mesma imagem de novo

Está nublado na minha cabeça

Pingos grossos arrebentam minha gramática

Minha alma coça como urticária

Perdi-me na multidão

Sinto apenas a presença insólita de que ainda existo e persisto

E em nenhuma dose de algum drink me reencontrarei intensamente

Nas letras talvez a lembrança do movimento antigo dos meus dedos

Agora bem disciplinados a produzir bobagens burocráticas

Das quais não há nada de mim.

Patricia Lins
Enviado por Patricia Lins em 18/10/2015
Código do texto: T5418973
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