Surtando

Será que foi o vento que veio varrendo tudo,

Trazendo o lixo do mundo, enfeiando o jardim?

Desentocando o bicho, desprovido de luxo,

Estabilizando o ciclo, normalizando o fluxo...

É que era para ser desse jeito, realmente assim?

Uma mistura imperfeita, de café quente e canela,

Gosto bom e ruim, fumegante, rasgando a goela;

Trajetória incerta, queimando entranhas, ai de mim...

Nas tantas reticências injustas, impostas sem calma,

Marcadas a ferro, palavras mornas causam traumas;

No fundo quem mais sofre é a alma, que feito palma,

Desabrocha agora, e em novembro rima com alma...

Minha loucura trago sozinha, bebo todas as doses,

Nas reflexões tão fracas, tomo e as sinto fortes;

Como ébrio sem rumo, que de sóbrio ainda pose,

Vacila as pernas, tremem as mãos, e alma... suporte.