Diário de um louco
Nem bem amanhecia numa manhã fria
Um sol cinzento por detrás do nevoeiro
Fumaçava a pastagem da geada que aquecia
Disseram-nos que poderíamos partir
Então olhei pra você e você me sorria
Então nos reunimos prontos para seguir
A hora era de se divertir e sonhar
Formamos pares e demos a dançar
Porque sempre haveria uma canção
Pronta pra gente tocar e recomeçar
A rua estava deserta no nosso quarteirão
Estava tudo tão calmo que chegava arrepiar
A vizinhança insistia em dizer
Seus pronunciamentos concisos
Do louco que gritava para gente ouvir
Do demônio que estava a se esconder
E velar a quem sua vontade convir
Procurando almas para se robustecer
Achei que estava sonhando... Quando isso iria acabar?
Um pesadelo medonho através de uma visão
Um sentimento esquisito, não conseguia raciocinar
Uma revoada de corvos invadiu o casarão
Nunca vi tamanha desgraça
Como um enxame de vespas tomaram o saguão
Esfomeados devoravam a carcaça
Do infeliz capelão.