Diário de um louco

Nem bem amanhecia numa manhã fria

Um sol cinzento por detrás do nevoeiro

Fumaçava a pastagem da geada que aquecia

Disseram-nos que poderíamos partir

Então olhei pra você e você me sorria

Então nos reunimos prontos para seguir

A hora era de se divertir e sonhar

Formamos pares e demos a dançar

Porque sempre haveria uma canção

Pronta pra gente tocar e recomeçar

A rua estava deserta no nosso quarteirão

Estava tudo tão calmo que chegava arrepiar

A vizinhança insistia em dizer

Seus pronunciamentos concisos

Do louco que gritava para gente ouvir

Do demônio que estava a se esconder

E velar a quem sua vontade convir

Procurando almas para se robustecer

Achei que estava sonhando... Quando isso iria acabar?

Um pesadelo medonho através de uma visão

Um sentimento esquisito, não conseguia raciocinar

Uma revoada de corvos invadiu o casarão

Nunca vi tamanha desgraça

Como um enxame de vespas tomaram o saguão

Esfomeados devoravam a carcaça

Do infeliz capelão.

Paulo Cezar Pereira
Enviado por Paulo Cezar Pereira em 01/10/2015
Reeditado em 22/05/2018
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