Às próprias mãos

As minhas mãos são nuas

Impuras figuras remotas das realizações

Quando inauguram

Figuram e esculpem os atos das minhas intenções

Elas são cúmplices

Paus mandados, bestas úteis...

Articuladas

Controladas pelos desejos mais fúteis

Destravam, concentram, reúnem...

Desbravam pra mim o que vejo

Impactam e acariciam

Preenchem-me com seus arpejos

E nas desventuras ou na solidão

Se postam a espera do meu coração

Protegem-no com seus cuidados

Quer eles bastem ou não