BALADA DE AYLAN
“Todos somos Aylan”
Ó ondas do mar de dor
Que esta criança embalou
Tirai-me já deste horror
Que o humano ódio gerou.
Ninguém tem culpa nenhuma,
Que a culpa não se descaia,
De um menino feito espuma
Deitado na areia da praia.
Alma ingénua embarcada
Por uma tirânica ideia
Fica agora esfarrapada
Na aguada e gélida areia.
Não são os tiros que matam
Os corpos desventurados
São os tiranos que sacam
Seus sonhos desfigurados.
As vidas não contam, não,
Os lares estão fora-de-jogo
E nas marés de perdição
Escorrem lágrimas de fogo.
Que fazeis, vós, ó Maiorais
Com palavras e emoções?
Não se vê fumo de sinais
Nos vossos frios corações!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA