Ocaso
Ocaso
A força do ocaso escorre...
Soprando ao longo dos tempos
o desenrolar de uma existência
em páginas, da vida, espargidas
de momentos já passados.
Lembranças esvoaçam...
Inteiras doudejando no ar
folhas brancas e serenas
ou frangalhos destroçados
postados na aspereza do chão.
A queda... momentos vividos...
Quais folhas de uma palmeira
desgarradas precipitam-se ao ar,
algumas saudáveis, leves flutuam,
algumas feridas, quedam bruscamente.
Como as árvores no outono
desprendem suas folhas-quimeras
que já secas serpenteiam sonhos
doirados ou funestos... congênitos.
Num lampejo... uma folha ao acaso,
ainda não desprendida se abre.
Permitindo o retorno embriagador,
a alma refloresce como primavera
no então presente... real ilusório.
Presa na cronogênese do ser,
o amor ainda arde em fagulhas
mas na cronotese desalenta-se
em prol da contraditória coerência.
Desaba,“não abriras folhas viradas”.
Propositura socialmente incoativa
tesa tal qual o Nono Mandamento.
O corpo, invólucro da alma empalidece.
As boas-noites, postam-se para o lado.
Os curiangos, em busca do reflexo lua.
Momentos, próximos ao final dos tempos.
A volta não seria como o antes.
Seguir em frente, não há um túnel,
simplesmente um caminhar Sob a Luz,
continuidade no tempo do tempo.
Luz pálida, lívida para nos receber,
qual em um campo eivado, porem serena,
trajando preto farfalhante a mim caminha.
Estendendo as mãos em um abraço,
recebe-me com benquerença, ternura…
Flutuo...........
Carlos Gritti
02.09.2 015