A Redoma transiente da dôr e da vida


Sou a louca, risadinha e doida atrevida, santa de algures manifestado
Estou aqui, encantada, por essa redoma, neste vidraçar da realidade!

Fico a lamentar num choro de sonhos as lágrimas soltas da pervertida
Senhora que sou a areia que sem tempo destroça meu ego e combate

Dama que pretendo e que avizinha de si, amargo regresso dessa fome
A vontade de ingerir ilusões que vivificam os mais duros dos normais...

Sim, eu sou o que tua chama me destroça o armário de minhas horas!
E fico a inflamar-se numa desilusão prometida pelo apagar da chama!

Grito a insensatez de purgar as fronteiras de meu medo e dum cagaço
Extrapolo a dôr e na ferida encontro a sedução de tentar ser indecente

Somos um e tenho dois de mim, estou fria e meu cadáver está vivendo
Faremos do par que seremos a estátua torta o artista que pinta belos

Meu ardôr é flama rubra, teu aquecimento por mim não afeta o mundo
Apague as formosuras desse fogaréu com salamandras e deixe-me ser

Esta que lhe é poeta insone, esta que sou farrapos, deseja te conhecer
Não me irrompes em torturas de amôr inexistente a dar lugar à morte

Um dia carregarei silêncio em piscinas móveis, oferecido mil desprezos
Te deixarei rogando por sépias resignações ou serei mais que bruxaria

Sou mesmo a perdida, desconhecida consorte da luz, caída na sombra
Repelida pela trovoada sem chuva, cansada de guerra ôca no abismo!

Meu silêncio agora é a reflexão de seus ecos, sua consciência feminina
Aquela que devia somar fatos pra consumir fantasias na multiplicação

Já não tenho relógios, que derretem alhures, porém serei tempo farto
Te dando minutos a preciosa certeza, conspirada nas areias do tempo

Acredite! Fico santa e temida, convicta de sua estrada que não desejo
Adiante de mim e de nós, a realidade nos enxerga no final das contas

Perdi os segundos na esteira das estrelas cantantes e tão sorridentes
Por ora ficarei aqui a afundar na areia deste tempo que me persegue...




 
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 30/08/2015
Reeditado em 30/08/2015
Código do texto: T5364768
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