A lágrima
Esta gota de prata
Que às vezes não escorre
Que não a merece a miragem
Tanta princesa vira-lata
Limpa a escadaria da torre
Trilha no rosto a maquiagem
Esta prudente que se errada
Feitiço até o café da manhã
Travesseiro de lápide foi um triz
A chuva domesticada
Numa fogueira artesã
O adeus que nunca se diz
Um pingo de humanidade
Um horizonte que pára
A faca afiada no adultério pão
Contos do marquês de Sade
Medíocre visão rara
Um claro tiro de amor limpa o chão.
(Do livro: UM JEITO ESTÚPIDO DE SONHAR)