FRIO COMO UM VULCÃO
“Ela é de gelo - a multidão dizia. Vendo o seu modo calmo e retraído: “Não lhe notais, no riso indefinido, alguma coisa horrivelmente fria?”. Até o próprio sol, se ousasse um dia beijar-lhe o branco talhe do vestido, em montanha de neve convertido, o azul do espaço, em breve, deixaria. Uma noite, porém, vi-a chorosa, osculando fanada, murcha rosa que apertava de encontro ao coração. Adivinhei que o gelo era aparente, que, sob a neve, palpitava ardente a lava incandescente de um vulcão.”