NOITE

Hoje a noite não me surpreendeu

Não a esperei de mãos vazias;

Me armei com meus medos,

Minhas vertigens me foram escudo.

Vesti-me de pavor,

E do que me causa dor fiz um amuleto

Me apeguei a mim mesmo

como quem se apega ao nada quando cai

agarrando o ar enquanto se debate

Assim recebi a noite

E assim ela chegou.

Hoje eu surpreendi a noite.

Ela não me achou com as mãos vazias.

Cheio de mim mesmo a acolhi,

Me fiz parceiro dela enquanto seu frio me acolchoava;

E suas trevas me cobriam.

Não surpreendi a noite,

Ela mesma encheu minhas mãos.

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 08/05/2015
Código do texto: T5234440
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