Palavras que não voltam
Estas palavras não são minhas
Estes versos jamais terão autor
Escrevo sem pensar, escrevo sem marcar.
Estas cicatrizes que restam.
Desenhos espalhados pelo corpo
De alguém que nunca quis ser rabiscado
De caneta big, ou de agulha, de pinceis que se misturam.
Esta orelha furada, a quem grite de medo
A quem se assuste com tão pouco
A quem brigue por menos
A quem ame por tudo
Nunca pareceu tão alto daqui de baixo
Sempre achei que não seria atacado
Vejo-me assim, sem muito receio.
Com tantas palavras que despejo nesta folha
Folhas em branco esperam poesias.
Palavras bonitas, ou que remetem a dor.
De quem nunca sofreu
Ou de quem nunca amou
Pede-me para ficar
Eu não sei voltar
Ajude-me a me encontrar
Já perdi estradas sem placas
Não sei por onde retornar
Neste caminho de identidade
Nunca se sabe o que se tornou
De barba que bata no peito
De cabelo que enrole até os pés
De rabiscos, de furos, de busca.
Eu nunca retornei.