Alucinação

Temo o dia em que ficarei cego de tanto ver,

O dia em que não haverá nada mais a dizer.

Tornei-me homem ao chorar pela primeira vez,

Cada lágrima que cai é um símbolo da lucidez.

O sonho termina quando o pesadelo começa.

Acordo e lembro-me de como era, peça por peça,

Bebés cruéis sem carne por dentro, a vaguear,

Olhos sem brilho, transformados em máquinas de matar.

Depois de despertar, nada mudou.

Tento lembrar-me daquilo que o tempo levou.

Da janela aprecia-se o sangue das mulheres,

Os bebés ainda se movem, malditos seres.

É impossível de sair à rua sem pisar a porcaria,

As secreções humanas, da sua fisiologia.

Resta-me esperar que as estrelas me raptem.

Uns ficam por aqui, outros partem.

Sérgio Peixoto
Enviado por Sérgio Peixoto em 01/05/2015
Reeditado em 01/05/2015
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