Alucinação
Temo o dia em que ficarei cego de tanto ver,
O dia em que não haverá nada mais a dizer.
Tornei-me homem ao chorar pela primeira vez,
Cada lágrima que cai é um símbolo da lucidez.
O sonho termina quando o pesadelo começa.
Acordo e lembro-me de como era, peça por peça,
Bebés cruéis sem carne por dentro, a vaguear,
Olhos sem brilho, transformados em máquinas de matar.
Depois de despertar, nada mudou.
Tento lembrar-me daquilo que o tempo levou.
Da janela aprecia-se o sangue das mulheres,
Os bebés ainda se movem, malditos seres.
É impossível de sair à rua sem pisar a porcaria,
As secreções humanas, da sua fisiologia.
Resta-me esperar que as estrelas me raptem.
Uns ficam por aqui, outros partem.