Eterno flerte
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Eterno Flerte
O que é isso, poeta!
Não queiras reinventar a poesia, não.
Não busques verbetes alhures –
Ficarás à mercê da irrisão.
Bem sabes tu que tens donoso coração,
D’onde surgem luzidios espasmos da razão.
És guapo retórico e airoso,
Onde os poemas – pedaços de ti – emergem
[em profusão,
Inundando-nos a cada rorejar
Do teu ditoso – que ventura! – coração.
O que é isso, poeta!
Não duvides do donaire da poesia, não.
Queres a eternidade suprema? –
És petulante, ó pernas de sariema!
Bem sabes tu que a eternidade é fruto da morte,
ou quem sabe de cerrada madeixa de sorte...
Um pouco de talento – serás imolado, poeta!
Sei que és bom e não o fizeste adrede,
mas a vida te resguarda, Oxalá, eterno flerte:
entre ti e o teu ignoto algoz.
Nijair Araújo Pinto
Fortaleza-Ce, 04 de outubro de 1999.
01h04min
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Do meu livro 'Anversos de um versador'