Quero esquecer de mim
nesses versos.
Ser outra pessoa.
Ser louca e inconsequente
Ser irracional e transbordante
Ser plena e finita
Sem medo da morte ou
da ruptura de laços invisíveis
que nos fazem de títeres.

Quero esquecer de mim
dentro do armário
 por entre cabides e roupas.
entre a maquiagem possível
de um mundo ótico e sensível
ser a fotossíntese sem clorofila.

Quero esquecer-me
tingir os cabelos 
impunemente
perder o fio da meada,
apertar-me até sufocar
e rolar no tapete de vaidades
insolentes.
E mostrar-lhe um pedaço
inconsistente de mim.
De anatomia escusa.
De fronteiras nebulosas
mas de exatidão poética.

Quero desnudar o ego,
assaltar o superego.
E destrinchar o id...
em tarjas vermelhas 
como sinal de alerta e perigo.
E, ao mesmo tempo
de identidade e abrigo.

Por hoje,
por enquanto
tudo que desejo
é esquecer-me.
Pois no mofo do quarto
há mais história e segredos
que em toda poesia.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/04/2015
Código do texto: T5221301
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.