TONS NOTURNOS
A noite na sangria urbana;
asfalto se afogando em luzes
pulsantes, turbulentas, úmidas
de chuva que sujiga a rua.
Os carros, seus bramidos bravos,
monstruosos bichos de motor,
encerram seres vãos humanos
do sorvedouro-caos-cidade.
Em tocas se procura afago
de fumo e álcool, pedra e pó;
em bocas, um abrandamento
da fome infinda de algo incerto.
Feições em susto e desespero
vagueiam sós nesta explosão
de anseios de homens sufocados
na noite extrema que os habita.