TONS NOTURNOS

A noite na sangria urbana;

asfalto se afogando em luzes

pulsantes, turbulentas, úmidas

de chuva que sujiga a rua.

Os carros, seus bramidos bravos,

monstruosos bichos de motor,

encerram seres vãos humanos

do sorvedouro-caos-cidade.

Em tocas se procura afago

de fumo e álcool, pedra e pó;

em bocas, um abrandamento

da fome infinda de algo incerto.

Feições em susto e desespero

vagueiam sós nesta explosão

de anseios de homens sufocados

na noite extrema que os habita.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 21/04/2015
Reeditado em 22/04/2015
Código do texto: T5214844
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