VENTANIA

Ouço a voz da ventania,
Rasgando as paralelas, a tela fragmentada,
Parece um canto de agonia,
Um desenredo, uma poesia enviesada.

Ouço a minha voz dissonante,
Interligada à corrente, à voz do forte vento,
Rasuras, rupturas, loucura, tenso instante.

Sinto que eu não sou eu, sou a varredura,
A ventania desenfreada na madrugada escura.

Sou um voo perdido no sem terno do firmamento.