Sobre o que se é
Eu me vi por aí...
Na vulgaridade sensual de um transeunte
Em certo baixo astral de um esfarrapado pedinte
Nos gestos elegantes de quem prima pelo requinte
Eu virei vinte!
No talento e rapidez que desejei pra o meu time
Na beleza-embriaguez das canções de Lenine
Nas vontades de quem fez algo que lhes redime
Eu cometo crimes
Quando infrinjo o que ensinaram e não me disseram por quê
Quando olho o calendário e vejo o que não consegui ser
Se permito que o salário não limite o meu poder
Eu sou e não sou você
Nos momentos em que penso em função das diferenças
Nas ocasiões que ajusto as crenças por conveniência
Nas vezes em que subestimo minhas próprias preferências
Eu sou encrenca!