ESPERA
ESPERA
Espera
Esperançosamente
A esperada vida
Após a morte
Quem sabe exista a sorte
E que não seja bafo
Mas um verdadeiro sopro
Na poeira formada
E que espalhe-se em ventura
Abatendo a desventura
De estar aqui não liberto
Preso as amarras das diatribes
Dos que fazem correr sangue
Do lado de fora das veias
Que em suas encarquilhadas cabeças
Flertam ad eternum
Com os pecados capitais
E que matam a fome com gula
O amor com a ira
A paixão com a luxúria
A pobreza com a avareza
A beleza com a vaidade
A vontade com a preguiça
A humildade com a soberba
Distribuindo indiferentes
Desigualdades perversas
Que fazem do existir
Um estímulo do partir
Para encontrar
Quem sabe
Um abraço fraterno
Interessado
Em reerguer
Uma alma cativa
Apreensiva
Cansada das batalhas terrenas
Das impagáveis penas
Apenas por aqui estar