FACE ESQUÁLIDA
FACE ESQUÁLIDA
O vento fustiga a minha face magra
Na qual os ossos apontam para o norte
O pensamento quase morto aponta para o sul
Procurando fugir da morte sob o sol a pino.
Os abutres rondam lá no céu azul
A queda iminente destes ossos finos
Já sem medula, lingua sem um pingo d'água
Pés calejados pelo andar sem rumo.
Mas com este andar agora já sem prumo
Lanço o cajado para espantar as aves
Que vão baixando o círculo para me alcançar
Mas com fracas forças posso as alvejar.
Mas uma luz brilhante mais do que o sol
Lança-me de sopro para um pé de juá
Onde em seu tronco encontro agua fresca
Frutos amarelos pra me alimentar.
Deus é grande ninguém negue nunca
Sua existência nem por um momento
Pois com ELE vem a paz, some sofrimento
Até um nordestino pára de chorar.