Pos vitae
Sim, este meu coração, este costumeiro traidor nos vapores íntimos
Aquele que em carne me conduz, nervos e veias, tráfego de temores
E a cada noite o que você sendo eu compreende, estaremos iludidos
Nas mãos a chama se dilui no sangue de minhas chagas nunca vistas
E e você estamos na trama cardíaca desse meu guia interno sofredor
Salvei a razão e a loucura do verbo me toma sentidos e cede terreno
As palavras correm na tinta, num texto quiçá vasto, e o coração sua
Do suor estimado em dividendos reflui o sangue dum herói demolido
Tudo se mescla no fascínio da mente, doente ou seja como for, nua!
Os imprevistos são a jornada repleta de defesas e trilhas conjuradas
Sou a insana face desfolhada aos espelhos dos mil castelos de papel
A inexistência das coisas é a enciclopédia jamais revista pelo coração
Sorrio, choro, procuro ao Sol o cemitério de meus genitores. perdido
Ando com as mãos candentes, deplorando as vestes que me cobrem
Este coraçãozinho ferve dos palpites de querer sortear as mãos nuas
Ao longe, o meu salvador exige pegadas sem passos, e está indeciso
Sofro o martírio dele, padeço como o seu avatar, e não acredito nele
A parte de mim que quer a saciedade de espírito deixa-o desanimado
Ah, coração, apuros de corrente ao pulso saltitante, dai-me bençãos
E esteja aquecido ao frio entre ruínas de coisa que foram as minhas
E abrigue-me de quem vem com a chantagem de imolar meu coração!