Volátil

Sou surfista das ondas da vida

Sou a pedra do fundo arenoso

Depressão abissal de estranhas lidas

Por ser velho sempre espero tudo novo

Sou o que fui e o que não sou mais

O que desconheço e o que sei demais

Sou o pranto dos ricos abastados

A arrogância humilde dos ignorados

Sou a eficácia inox dos brilhos metálicos

O putrefato verme dos musgos erráticos

A dor que dói por turno no nervo ciático

A discórdia intima do que criei dos fatos

Sou como a simplicidade dos simplistas

A puberdade silenciosa do autista

O movimento das massas ignorantes

Que decide acertado em dado instante

Sou quase tudo que nego sob o dia

Tudo a que me apego em demasia

Que me identificaria à revelia

Mas que silencio por empatias

Sou como um fio desgarrado da criação

Um sinal desbotado atrás da mão

Clandestino hospedado na aventura

Que transita incógnito entre as ranhuras

Sou e não sou de perfil indefinido

Permissivo amoral e compassivo

Na defesa do que hora acredito

Veredito, verão, e verdadeiro

Sou menos amante que companheiro

Toda vez que os achar incompatíveis