Céu de ida
Se é de alma teu tesouro
Cá estou
limpo de ouro.
A sustentar no peito
Teu anseio.
De ser único do mundo
desbravador de céu.
Que coleciono só a imagem
Como prece
Como quem pede liberdade.
Hábito no entre-mundos
dos teus pelos
Que agarro em súplica
Semi-desespero
Por conhecer de cor o desamor
Só sei de mim
O que não compreendo
Desvelo meu corpo
aos teus laços.
revelo-me sombra
do teu passo
A cruzar nu, o deserto
Colhendo na areia
O tempo e os afagos
Sorvendo em ti tua seiva
Veneno urgente de lucidez
O amor, só conheço de ida.
Em tuas costas: Peso da alforria
No cantar das aves
A benção pros teus pés.
A estrada
e o longe.
Ao bem mais de nós.