Purgatório
Não sei se rezo
prá descer ao inferno
ou se tomo um pico
prá subir ao céu.
Que já não prezo
o que dizem eterno
e eternamente fico
aqui largado, ao léu.
Não sei se sigo atrás
de quem me deixou
ou se me masturbo
no gozo da dor.
Que já não me apráz
saber prá onde vou;
onde chego perturbo,
à procura de amor.
Não sei se jogo
em ti minha praga
ou rezo igual santo,
com a fé que não tenho.
Que enquanto rogo,
minhalma naufraga
e nesse mar de pranto,
a mim mesmo desdenho!