As costeletas de Arnaldo Antunes
As costeletas de Arnaldo Antunes
Entre! Sou porta sem maçaneta,
De veneta...
Faca de dez gumes.
Sempre em cima da mureta,
Mil e uma facetas...
Não sou “como de costume”.
Sem rótulo, etiqueta,
Gosto, cor, silhueta...
Predicado ou perfume.
Não pertenço a esse planeta,
Nenhum número ou letra...
Existente me resume...
Pois sou como as costeletas,
De Arnaldo Antunes.
Não passível às canetas,
Sou a retina do cegueta...
Sem gênero ou cardume.
Cruzo o céu feito um cometa,
Ao foco de qualquer luneta...
Estou imune.
Sou Pedra de Roseta,
A “rebimboca da parafuseta”...
Trama e urdume.
Tal qual bateu a caçoleta,
Os dedos do maneta...
No “uni, duni, tê, uni, duni...”.
Pois sou como as costeletas,
De Arnaldo Antunes.
Desaponto xeretas,
Pois não toco trombeta...
Nem aumento o volume.
Forço caras, faço caretas,
Sob a sombra, a capa preta...
Por entre os tapumes.
Não estampo camisetas,
Cartazes, nem gazetas...
Nos “comos?”, não nos cumes.
Vasculham todas as gavetas,
As grotas e as gretas...
Mas nunca venho a lume...
Pois sou como as costeletas,
De Arnaldo Antunes.