Região urbana
Eu quero uma cidade
Grande e desvairada
Uma pauliceia ou algo que o valha
Uma tempestade
De carros de casas de tralhas
Quero muita companhia
Filas enfadonhas,
Disputas bisonhas por qualquer ninharia
Quero é mais concorrência
Anúncios, barulhos pra minha audiência
Derreto em saudades
De xingar mazelas
De me trancar na cela de um apartamento
De comer brigando
Por um espaço na praça, na fila do caixa, no estacionamento
Me dá nostalgia
Naqueles santos dias não ter que ligar
Pra qualquer companhia e reclamar serviços
Odeio tudo isso
Mas não vejo o dia
Que saudade burra
Que estou tendo às turras do que nem quero mais
Procurei um dia feliz em que compraria
E quando nem mais lembraria
A internet insiste e sempre me trás
E os gentis sorrisos querendo vender?
Que delícia vê-los com os seus apelos
...E a gente acreditando
É tudo verdade
Tal a necessidade de querer comprar
Chove, venta, é férias...
Labutas, diversões, miséria
Tranqueiras, futebol, esperas
Políticas críticas nas coisas mais sérias
Congregando e disputando espaços com esse tudo o mais
Essa gente é louca
Por isso me esquivo
Fico com meu equilíbrio como alternativa
Mas pratiquei tanto
Que é um desencanto que a gente não os viva